terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O meu Carnaval



Nunca achei grande piada a esta época. A ideia de ter que andar mascarado nunca foi de meu agrado, mas o problema, esse vem já de longa data, ainda antes da altura em que era vitima de ataques impiedosos por entidades quase sempre ocultas, com lançamentos de ovos (quase sempre podres).
Lembro-me da primária, altura em que todos faziam questão de desfilar com a sua nova fatiota, e eu obrigado, apenas o tolerava porque a minha mãe lá me arranjava uma capa de Zorro e uma espada à maneira ou um coldre com uma pistola quase verdadeira!
As serpentinas espalhadas no tecto da sala de uma ponta à outra e aquele pó que se juntava no chão, nunca foram o suficiente para me entusiasmar, quando tudo o que eu queria era jogar o jogo do Mata à vontade sem roupas que me prendessem os movimentos.
Voltando à única época de algum modo tolerada pela minha parte, a época dos balões de água e não a dos ovos (porque a minha mãe nunca me deixou levar ovos do frigorífico para as batalhas), essa sim, ia tendo alguma piada, pois foi alusiva a uma especie de luta aguerrida pelo território lá da rua.
A rua de cima contra a rua de baixo!
Imediatamente depois de almoço, corríamos ao quiosque azul lá do sítio, onde podíamos abastecer por 2$50 cada balão. Trazíamos nos bolsos aos 100 cada um, mais algumas gomas à parte só para ganhar mais forças para a tarde que se avizinhava.
De seguida acorríamos a casa de um de nós, e enchíamos até termos mãos para isso, os balões de água. Estes tinham que ser cheios com uma  precisão de mestre, pois se fossem muito cheios não rebentavam aquando do ponto de contacto com a superfície corporal do inimigo. Já se estivessem cheios em demasia, eram encarados como uma granada já sem cavilha, pois poderia rebentar a qualquer altura desde que pegássemos neles até ao momento em que saia da nossa mão, ou seja, molhavamo-nos sempre!
Posto isto, era seguir viagem e correr o quarteirão sempre com uma estratégia de ataque, cautelosamente organizada. Cabeças agachadas, sprints malucos, técnica do quadrado, divisão do grupo, ou por último e mais arriscado, utilizar elementos como chamariz dispostos a sofrerem uma pequena molha em detrimento de um ataque vigoroso e arrasador pelas costas do inimigo.
Isto sim foram os únicos bons tempos ou recordações de Carnaval que tenho até à idade...
Fora isso, só me vêm à memória figuras tristes, caracterizações nem sempre bem conseguidas, e cabelos humedecidos com o champo fortificador do couro cabeludo, composto por ovos podre, bem podres.

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