quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Friends



Já se perguntaram quanto tempo demora a acabar uma amizade?
Uma noite, um dia, uma semana, um mês, vários anos? Provavelmente bem mais do que demorou a construí-la.
Primeiro surge a fase da negação, e do negar o óbvio, porque aos amigos tudo se perdoa, tudo se admite. Depois surge a fase da revolta "Como é possível". Aqui a esperança ainda existe e estamos num ponto em que é possível emendar os erros passados, voltar atrás sem que mossa seja edificada... 
Posteriormente surge a fase da descrença e indiferença. Esta, a última e muito provavelmente irreversível, já pouco pode trazer de novo. Já não há meio da "coisa" crescer, melhorar ou sarar. As vibrações começam a ser outras, diferentes comprimentos de onda que não se compadecem a tocar simultâneamente. Neste ponto já temos em duas ondas paralelas, quiçá contra-laterais, uma em AM e outra em FM, impossíveis de ouvir tocar na mesma frequência Hertziana.
A vida é assim mesmo, o que hoje se sobrepõe e encaixa, amanhã deixa de vibrar com a mesma intensidade, já não pertence ao mesmo estilo musical. 
Uns migram para o Punk Rock, outros para o Jazz, há até quem fuja até à música clássica, sempre assim foi. Não tem que ser uma coisa má. Vendo bem as coisas, é graças a essa migração que um dia todos se encontraram no POP...



domingo, 21 de setembro de 2014

Ponte Milvio - Parte II




As coisas entretanto mudaram.
Os dias ficaram mais frios, e as pessoas agora sorriem menos, pelo menos é isso que me está a parecer.

Ele lembrava-se perfeitamente daquela tarde em que se sentaram a comer um gelado no muro em frente a esta igreja... 
Tinham acabado de fugir do grupo e foram até a um poste luminoso. Era aquele pensava ele...
Hoje, 4 anos depois, estava lá sozinho. 

O cadeado ainda lá estava. Naquele dia nunca chegou a ver o que ela tinha lá escrito, e hoje não sabia se o deveria fazer...
Tudo à sua volta lembrava-o, as músicas, a roupa, o cheiro da roupa, o cheiro dela, o cheiro dela com e sem roupa, os traços gentis da sua cara, os lábios, a boca, o sorriso, porra, aquele sorriso... 
Nunca dava uma luta como perdida. Tinha sempre que ter razão... E o gozo que a ele lhe dava em fazê-la ver que nem sempre as coisas eram como ela via...
Olhou em volta. Vagarosamente aproximava-se um casal na casa dos 50 anos, quem sabe, o mesmo casal de há 4 anos.
Mas agora estava ali apenas ele, sozinho. Abeirou-se do poste agora já meio tombado, e encontrou o cadeado.
- "Tua até ao dia em que me quiseres só pelo amanhã"




quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Viver mais

Porque é que as pessoas teimam em querer o que não precisam, e em não reconhecer o bom que já têm?
Às vezes um pouco de resignação também faz bem.
Gozem o facto de ter um carro e uma casa vossa. Gozem o facto de terem uma TV, um sofá com chaise longue, uma cama, um colchão excelente para dormir, uma refeição todos os dias, um filho para quem sorrir todos os dias, um país que vive em paz, um país com sol, um país com praia, um país seguro e uma família junto de nós...
De uma vez por todas vivam o vosso país, gozem-no, mas lutem por ele também... Ou vamos deixar este tesouro para os outros e ficamos com os restos que nos deixam? Depois... depois ficamos contentes com os restos. Porquê? Porque temos vergonha de reconhecer que o que tínhamos anteriormente era melhor!

Sonhem menos e vivam mais com o que têm!
Um pouco à semelhança de quem muito dorme pouco aprende... Quem muito sonha, pouco vive!

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

E os que estão do outros lado?

Chamo pelo intercomunicador- "Srª Isabel MCM, dirija-se à Sala de Enfermagem."
...

-Boa tarde, é a Srª Isabel MCM? ela acenou que sim com a cabeça. - Faça o favor de se sentar.
Trazia uma cara carregada, pelo andar notava-se que o problema estaria numa perna- um dos pés saltava fora dos seus sapatos abertos no peito do pé. Fazia uma espécie de "refego", e estava ruborizado. 
Consigo trazia uma série de sacos, com papéis e fruta espalhada aleatoriamente, para além de uma mala de alças compridas.
A Srª Isabel era apenas mais uma nas dezenas de pessoas que havia chamado naquele turno. Já cansado e com pouca vontade de fazer conversa, estava a trabalhar à cerca de 15 horas no mesmo local de trabalho. Tudo o que tinha que fazer era colher sangue para analises. Um gesto tão simples e banal para nós, especialmente depois de o termos repetido vezes e vezes sem conta. 
Mas algo me fez puxar um pouco mais de mim, sorri, aligeirei a coisa e tentei desanuviar o ambiente. Do outro lado consegui um sorriso e um obrigado. Já valeu a pena, pensei eu.

Quando sou eu o cliente, num café, restaurante ou mercearia, procuro colocar-me no lugar oposto e é aí que obtenho as reacções mais inesperadas. 
Compreendo a azafama de quem não pára um segundo, e gosto de a valorizar. 
A valorização não é o deixar a gorjeta no final. Para mim a valorização parte da compreensão pelos tempos de espera, compreensão pelos erros e atrasos e acaba num "obrigado e bom trabalho". Sim porque muitos se esquecem que os outros estão a trabalhar, muitas vezes debaixo de muito stress e fracas condições laborais. Por isso sugiro, sejam tolerantes e compreensivos para com os outros, pois eu tenho a certeza que no vosso trabalho também há dias em que se enganam e cometem erros, também se atrasam e trabalham sisudos.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Grandes coisas

O sabor das coisas pequenas, triviais, que hoje se tornaram grandes e intemporais...

Acordar, junto a ti sem despertador.
Sair à rua e correr 30 minutos, junto a ti, devagar porque é assim que eu quero.
Almoçar, junto a ti, devagar porque sempre foi assim.
Despedir-me de ti, rapidamente, porque assim custa menos... 

Falta tanto até te dizer novo olá!...