terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Natal menos infeliz



Se querem saber, não, não está a ser um feliz Natal para mim! Hoje não o irei desejar aqui.
Bem sei que são as vicissitudes da minha profissão. Um dia quando escolhi ser Enfermeiro, não pensei nos "natais" que ia passar a trabalhar. Fiz a minha escolha, estou feliz e realizado, mas sinceramente hoje e amanhã custa mesmo muito trabalhar...
Vi pessoas a ter alta, outras a dar entrada no Hospital, outras que provavelmente não irão chegar ao dia 25... 
Vi familiares de doentes a chorar, estive com familiares de doentes que quase me emocionaram, não pelo que disseram mas pelo desfecho que eu sei que irá ter este natal para eles. 
O natal no Hospital não é feliz para ninguém... 
Cabe-nos a nós fazê-lo... menos infeliz!




quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Natal...


Chegou a altura de nos deixarmos levar pelas pequenas coisas. Deixar sentir as palavras simples, o sorriso mais pequeno e deixar sair o maior dos amuos...

Chegou a altura de revitalizar a alma e recauchutar o nosso exterior, por uma semana, que seja... Para que não corramos o risco de nos esquecer como é, como se faz e como se deixa entrar em nós o espírito natalício.

Já bebemos dele há muitos anos atrás. Bebíamos, comíamos, sonhávamos e acordávamos todos os dias a pensar Natal, da cabeça aos pés, de dentro para fora, da maneira correcta... de dentro para fora...

Por tudo o que já vivemos e nos lembramos. Da maneira correcta, da maneira mais simples e verdadeira...

sábado, 7 de dezembro de 2013

A primeira ida ao futebol

A primeira ida ao futebol.
Era um domingo, frio, de sol aberto e céu azul declarado, tal qual o de hoje.
O almoço tinha sido cozido à portuguesa. 

Acompanhava o meu pai a passos largos em direcção ao café. Apenas me fixava nas pernas dele e em como ele conseguia andar tão depressa enquanto eu tinha que dobrar, espera... triplicar o número de passos.

Chegámos ao café, pouco iluminado, mesas de aparite revestidas de uma capa de plástico e cada uma com o seu respectivo cinzeiro. Sujo, impregnado de cinzas até às bordas. O balcão era alto, de pedra escura. Lembro-me que não conseguia alcançar o cimo da pedra. Nesse dia tive direito a uma pastilha, Gorila, sabor a banana. Era um dia especial!

Dali até à paragem do 51 foi um instante. O meu pai picou o BUC dos dois lados e lá chegámos ao estádio. O meu primeiro estádio. O estádio do Restelo.
O ambiente era diferente, sentia-se festa, expectativa, alegria, tudo isso misturado numa confusão controlada. Fui apresentado como filho por duas ou três vezes, e a custo lá lhes ia apertando as mãos... Afinal de contas era o estádio que me chamava à atenção. Não gostava de ser obrigado a apertar a mão.

Lembro-me dos gritos da Claque, quer dizer, dos adeptos, não havia ali bem uma claque, puxavam todos do mesmo modo, com o mesmo fervor e paixão. Sentia-se que era verdadeira e saudável. Acima de tudo respeitosa. Era o Belenenses!

"Belém, Belém, Belém, Belém", Cantavam todos, e aos pouco eu fui cantando também. Ao meu lado dois velhos de boina resmungavam pelos seus, os azuis, até que surgiu o primeiro golo. O golo os Deles. Eles que hoje já há muito devem estar debaixo da terra, naquele dia saltaram que nem molas e abraçaram-se de alegria. 
De seguida, embutidos naquela onda de felicidade, chamaram o senhor das queijadas. Sentaram-se, com calma, muita calma abriram a embalagem. Eu ao lado, cobiçava, (na altura pensava que disfarçadamente, hoje percebo que não enganava ninguém) até que ...
- "oh rapaz, toma lá uma"...
Eu olhei para o meu pai, e ele acenou - "Diz obrigado"
- "Obrigado"



Foi a melhor queijada que comi até hoje. 
Foi o melhor jogo que vi até hoje. Aquele sentimento de domingo à tarde não mais se voltou a repetir. Aquele céu, o cheiro da rua, aquelas pessoas e aqueles jogadores... nunca, nunca mais os vi.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Nascer do sol

Hoje vi o nascer do sol. Lá de cima, uma linha no horizonte. Leve, ténue e suave. Como tu um dia foste...

Até que com o passar do tempo me foste aquecendo e marcando, tal qual aquece e marca o sol, que suavemente vai trepando o céu e nos vai aquecendo, sem que ao certo nos consigamos aperceber do tal ponto de viragem.

O ponto em que começamos a sentir... o tal calor!