sábado, 15 de novembro de 2014

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Quando subia às árvores



Andavam sempre os quatro juntos. 
Ela, ele e dois amigos. 
Dois dos seus amigos estavam na conversa, a comentar uma música que ouviam no walkman. Um trouxera a cassete e o outro o Walkman. Falavam de uma banda nova, cujo vocalista tinha morrido recentemente. É diferente, tem um som diferente, não sei explicar, ouve, ouve e depois diz-me que achas - dizia um deles.
Era um dia de primavera, daqueles em que as tardes já aqueciam o quanto bastasse para o pátio da escola se encontrar cheio de camisolas amarfanhadas no chão. O chafariz era ponto obrigatório para quase todos naqueles minutos de liberdade controlada e os quatro já por ele haviam passado antes de se sentarem nos bancos espalhados pelo recinto.
 -Dá-me a mão! Disse ele, eles dois ficam aí entretidos.
Arrastou-a até atrás do pavilhão e juntos subiram uma oliveira.
- Quero mostrar-te uma coisa.- Tentou ele contextualizar
- Estás a ver? Daqui... daqui avistas todos os barcos que saem do rio em direcção a algures. Tal como falava hoje a nossa prof na aula de História. Como se fossem à descoberta de algo que não conhecem, mas que por alguma razão sentem que existe... 
- Algo como tu...

domingo, 2 de novembro de 2014

Sobre o tempo


Sobre o tempo.
É raro, escasso e fugaz.
Tanto mais raro quanto mais tempo se tem. Tempo para tudo, quando tudo não serve para fazer coisa alguma. 
Ficar parado, ver o tempo passar, assim é ter tempo para tudo. Ver as nuvens passar e o vento nascer até acaba por, acabar.

Sobre o tempo.
É tanto, tamanho e abundante.
Tão mais abundante quanto menos tempo se tem. Tempo para quase nada, quando quase nada serve para fazer tanta coisa
Não parar, esperar que o relógio possa parar, assim é não ter tempo para quase nada. Não saber se hoje há nuvens ou faz sol, esperar por quando se pode saber.

sábado, 1 de novembro de 2014

Partir


-Onde vais?
- [silêncio]
- Voltas?
- [sorriso]
- Não vais voltar pois não? , pensou ela
- Não irei voltar, pensou ele a sorrir

Por favor deixem-me trabalhar a um domingo à tarde

Não deixa de ser caricato. O meu último testemunho neste Blog retratava uma inercia enorme em ir trabalhar. Lembro-me que esse era um dia cinzento, lento como o meu pensamento.
Agora que estou em casa de baixa há 48h estou a começar a dar em maluco. É impressionante o valor que damos à saúde, ao trabalho (que às vezes classificamos como a pior coisa que existe) quando estamos limitados. 
Basicamente estou empanado, um pé que não funciona, uma perna que não se mexe, um corpo que transpira só de preparar um simples pequeno-almoço e uma vontade de gritar por tamanha dependência!
Gelo, perna ao alto, repouso e mais repouso, tudo a ser cumprido à risca, até os gritos dos programas de TV durante a manhã...