segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Comprar uma vida...

Vivo hoje num mundo que em 50 anos mudou completamente as suas prioridades.

Há 50 anos os meus pais caminhavam descalços, não tinham electricidade, e para encher a barriga roubavam fruta à noite nos quintais dos vizinhos, porque a panela de sopa para 9 tinha sido escassa.

Hoje (num nundo onde eu me incluo) interessam as marcas, a televisão, não só os 4 canais mas os 70 quando não há sequer tempo para um. 
Não há tempo nem para a televisão, nem para as pessoas. Não há tempo para os amigos, e mais grave que isso, não há tempo para a familia...

Quando duas vidas são interrompidas subitamente, quando tudo parecia bem, é que cai o remorço... 
Ontem dizia um de dois irmãos, (o que estava do lado de fora da sala de Reanimação), depois de lhe ter sido dito que provavelmente iria ficar sozinho: 

"Quero agradecer por todo o vosso esforço, todos viram o que fizeram, foram incansáveis..." e começou a chorar.

Nós, que estamos do lado de cá, que temos o prazer, e o poder (que muitas vezes esquecemos), de lidar com a vida das pessoas, não podemos ter maior pagamento que este. Aquele em que dois seres humanos frente a frente, despidos de tudo quão futil pode ter esta vida, reflectem sobre o bem mais precioso que algum dia herdámos dos nossos pais, a vida!

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