sábado, 21 de julho de 2012

A primeira vez que vamos à praia


A primeira vez que vamos à praia apenas com os amigos, a combinação, o encontro, o comboio da linha, os 15 minutos a pé, a bola de NIVEA e a sua sombra movediça, os melhores locais e os locais mais apetecidos, as míudas e a bola de futebol, as jogatanas, os banhos, as corridas, secar na toalha, secar em pé, o entardecer, o sal na pele, o pôr do sol e o anoitecer.
Voltar para casa. A molesa. As cara rosadas e o esperar que o dia de amanhã seja idêntico...

sexta-feira, 20 de julho de 2012

domingo, 15 de julho de 2012

Um feito precioso

Um feito precioso, será sempre aquele em que conseguimos manter uma conversa com alguém que não nos lembramos quem é.
De um modo cordial, assertivoe mais importante que tudo, convicto!

sábado, 14 de julho de 2012

Caminho a Santiago # Dia 2


Embora curta tenha sido a dormida, não perdeu de forma alguma a sua função reparadora.
O despertador voltou a tocar, hoje 24h depois do primeiro difícil acordar, mas com um ânimo completamente diferente.
O salto da cama foi quase imediato, bem como quase imediato foi o primeiro contacto com as dores tipo moinha numa das pernas e ombros.
Tínhamos que abandonar o albergue antes das 8h00 e foi isso que fizemos.
Dirigimo-nos ao snack-bar mais próximo das redondezas, local onde no dia anterior tínhamos ido buscar refeições para todos, uma vez que dois de nós tiveram que ficar no albergue, precisamente para salvaguardar a nossa entrada no mesmo.
O pequeno almoço foi revigorante, e foi aqui que comecei a ter a primeira percepção do modo como as outras pessoas se relacionavam connosco. Os olhares despreocupados de fachadas, mostravam que éramos reconhecidos pelos outros como peregrinos, e isso ajudou aos poucos à construção deste conceito que todos desconhecíamos: ser peregrino.
O caminho faz-se caminhando, e foi com esta frase na cabeça que saí de mochila às costas e animo reprenchido.
Os primeiros km´s foram de muita animação, brincadeira, boa disposição e sempre a bom ritmo. Mas com o passar do tempo o céu foi-se fechando e aos poucos desabando sobre nós, até ao momento em que todas as nuvens do céu de algum modo, foram prensadas sob os nossos olhares e descarregaram tudo quanto tinham para dar sobre nós!!!

O caminho faz-se caminhando, vou pensando eu insistentemente, e os primeiros 15 km são uma experiência totalmente diferente. A mochila hoje já praticamente que não pesa, o problema centra-se claramente nos ombros e gémeos.
Mas um novo contratempo tinha chegado para se instalar de armas e bagagens...
Uma chuva imensa, que há muito não experimentava de forma livre e voluntária, aos poucos vai cortando com a conversa entre o grupo, as brincadeiras vão escasseando, o silêncio impera e cada um para dentro de si, se tenta convencer a cada passo que dá, que falta apenas a próxima curva que temos no horizonte...
O caminho faz-se caminhando, mas debaixo de tanta chuva?! Como é possível???

Foi assim repetidamente durante os últimos 5 km (dos primeiros 15) e uma hora e 30 minutos penosos, molhados e dolorosamente vagarosos, até que finalmente chegámos à primeira povoação, Redondela, e alcançámos o tão implorado tecto e chão secos. Estava na hora de almoço.

Entrámos no restaurante, pousámos as mochilas e olhámo-nos todos de olhos incrédulos tendo em conta o que havíamos conseguido fazer. Eu tirei o meu casaco que agora descobri que não era impermeável e olhei para a minha t-xirt, toda ensopada, colada a cada centímetro de pele. Em desespero por tal desconforto, vou até à casa de banho. dispo-a, olho-me ao espelho e volto a olhar novamente para a t-xirt ensopada em praticamente com 1 kg de água! Torço-a, mas não tenho coragem de a guardar de novo, Debaixo do lavatório, junto a um canto, reparo num pequeno caixote de lixo, e é para lá que a atiro!

(Fico apenas com mais 2 t-xirt´s secas para o resto da viagem, uma para a segunda parte do dia e outra para amanhã)

Depois de um estômago cheio e roupa novamente seca, demos início à segunda parte da caminhada. 

(A hipótese de ficar um dia a mais em Santiago de Compostela, leva-nos a fazer num dia as etapas de dois dias. Faltavam agora "apenas" cerca de 19 Km.)

Esta sim, foi claramente uma prova de superação, persistência, crer e suplantação. Foi uma etapa épica pela sua complexidade e modo como colocou à prova a nossa capacidade de resistência. Chuva copiosa, num contínuo exorbitantemente massacrante!
Nos últimos 6 a 7 km já não víamos fim à vista. Depois da estupefação, da beleza da paisagem, das cantorias e brincadeiras mais simples e puras que nos vinham à cabeça, para nos ajudar a passar o mau bocado por que estávamos a passar, a conversa acabou. Cada um ia lutando consigo mesmo, de dentro para fora, da desistência para a superação.

(Fica a imagem de um camionista que do alto da sua cabine, olha incrédulo para uns caminheiros que em fila indiana, de capuz na cabeça vão caminhando em modo automático, molhados da cabeça aos pés, mas vão caminhando)

Lá chegámos ao destino, Pontevedra. Penosamente fizemos cerca de 1 km a mais (500 metros para cada lado que mais pareciam 5 Km) por um pequeno e inocente engano, mas que naquela altura do dia e depois de tudo aquilo que já tínhamos passado, se traduziu como se tratasse de uma faca espetada no centro do abdómen que vai girando lentamente em várias direcções.
 
Gastos no 2º dia: 20,40 €
 

terça-feira, 10 de julho de 2012

Ilusões de criança



Uma das descobertas mais chocantes na minha existência:

Há dias vi desmoronar todo uma ideia, um castelo, um ideal, uma memória de infância. Todos nós lembramos dos dizeres, simples e únicos que fizeram parte da nossa infância. Estou agora a falar do famoso "Partida, largada, fugida"

Eram cerca das 3h00, fazia eu mais uma noite no hospital, quando vou ajudar à passagem de um doente de uma maca para a outra. com a energia e brincadeira que começa a surgir a estas horas da madrugada, tomei a iniciativa de fazer a contagem, desta vez, não de um modo numérico, mas como eu fazia na minha infância. Foi então que iniciei a contagem:
- "Partida, Lagarta, Fugida"
- Tu disseste Lagarta???
- Sim, Lagarta, ónde está o problema? Não te lembras desta contagem, é?
- Não, eu lembrar, lembro! Agora Lagarta? Largada!!! É Largada, onde é que foste buscar a lagarta?

Caros leitores, digam-me se tenho ou não razão. Bem sei que não faz muita lógica a lagarta estar no meio de uma partida e uma fugida, mas possa, eu sempre disse lagarta!

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Anúncios # 7 - Optimus


Genial, preciosa, incisiva, activante de memórias e identidades. Fico com vontade de sair país fora e conhecer aqueles verdes todos!!!!

domingo, 8 de julho de 2012

Elogios

Porque nunca se sabe quando ou de onde poderão surgir, nunca deixes de dar o teu melhor...

Pouco elegante será sempre receber um elogio quando estás de "guarda baixa". Isso aconteceu-me recentemente e nem o elogio sabe bem, nem o agradecimento sai jenuíno... Porque lá no fundo sabemos que a consciência pesa...

Eles são raros, mas a raridade apenas existe porque algum dia o acontecimento surge.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Enfermeiros a 3,96 €/h

Mais tarde ou mais cedo acabaremos todos por pagar por aquilo que cá fazemos.
Essa é uma convicção que eu tenho e mesmo que convicção não fosse, seria sempre uma verdade, daquelas que surge das simples inferências que nos traz a sabedoria popular através dos seus ditados.

Pagar 3,96€/h aos Enfermeiros é uma barbaridade, uma vergonha, um nojo simplesmente inacreditavel que surge com a conivência de quem decide no nosso país.

Eu acredito que a justiça cá se fará, e se não for nos nossos recibos de vencimento, será quando os responsáveis por estas directrizes cairem numa cama de um hospital... Não, ninguém lhes fará mal, serão sempre tratados da melhor forma possível, agora resta saber qual será a melhor forma...

Duvido que a pagar assim os bons enfermeiros por cá continuem, a ser gozados e espezinhados com a atribuição de um salário equivalente a um subsidio de reinserção atribuido a um cidadão que não quer trabalhar. Será que os que ficam serão bons, mais ou menos, fracos ou muito maus?

A ir para a frente, acho que será melhor distribuir o destack para o cruzamento do Marquês de Pombal.
Não fazemos noites, não temos responsabilidade sobre pessoas, não precisamos de estudar, não precisamos de pagar para nos formarmos e quem sabe até pode ser que nos dêem gorjeta...

Vamos para a rua!
Vamos de cabeça tapada, e de braços em punho.

Bandidos...